Como estudar para o ENEM e vestibular?
O maior questionamento do estudante do ensino médio ou cursinhos pré-vestibular é: “como eu devo estudar para o ENEM e vestibular?”.
Os maiores problemas são a carga pesada de estudo e as pilhas imensas de livros. Assistir uma aula ou ler um livro não garante que você vá aprender um assunto.
Essa “falta de tempo” e o vasto conteúdo para se preparar para as provas, forçaram o ser humano a buscar vias alternativas e efetivas de estudo, que coubesse na palma de sua mão. Com a modernização, ficou fácil estudar em qualquer lugar, seja durante uma viagem ou na fila de um banco. Nesse sentido, as folhas de papel estão, cada vez mais, dando espaço para os smartphones e tablets.
Aí você deve estar se perguntando: “mas como estudar de maneira efetiva apenas com um celular?”. Se você é daqueles que diz: “eu só consigo aprender se for com o livro físico na minha mão”, então você pode ficar “pra trás” se não se adaptar à nova realidade e aos novos recursos que o mundo contemporâneo oferece para otimizar o seu tempo.
A escolha do método para ser aprovado no ENEM e vestibular
Existem métodos de estudo que são classificados como de baixa, intermediária e alta eficácia. Muitas pessoas estudam muito, fazem muitos cursos por vários anos, mas não obtêm a nota que desejam porque insistiram em métodos de média/baixa eficácia, como o uso de marca-texto, palavras-chave ou resumos.
A ciência já comprovou que a melhor maneira de estudar é através do estudo ativo. Basicamente, ele pode ser feito de várias maneiras, mas as principais são: ensinar para alguém o que você aprendeu, resolver questões abertas e usar a técnica de revisão e repetição espaçada com flashcards. Vamos focar na última, ok!?
Um estudo britânico mostrou que o nosso cérebro aprende um conteúdo pro médio/longo prazo através da releitura (revisão). O “número-chave” para consolidar determinado conceito, seria repeti-lo sete vezes.
Aí você se pergunta: “Que ótimo, como eu vou reler livros, apostilas ou mesmo um resumo 7 vezes? Ainda mais o conteúdo pro ENEM/vestibular, que é gigantesco?” Por isso, você precisa dividir conceitos maiores em frações menores para facilitar a absorção desses conceitos pelo seu cérebro.
Imagina ter um algoritmo cientificamente comprovado que poderia ajudá-lo a fazer essa revisão de maneira rápida e efetiva? Seria algo parecido com um mecanismo inteligente de repetição dos conceitos fracionados (flashcards) de acordo com o seu nível de conhecimento sobre cada um deles. Seria ideal para você, não é mesmo!?
Existe ciência por trás dos flashcards?
Ao aprender algum assunto novo, o conteúdo é assimilado. No entanto, de acordo com a curva do esquecimento, criada por Hermann Ebbinghaus em 1885, primeiro autor na psicologia a desenvolver testes de inteligência, a memória de curto prazo se perde em poucos dias. Para evitar isso é preciso praticar a técnica da repetição espaçada, que é a revisão das informações que foram aprendidas e que você deseja memorizar. Por isso, os flashcards são tão eficientes.
A Figura 1 mostra uma versão simples da Curva de Esquecimento para lembrar um novo conceito. Para ilustração, digamos que é a palavra “almôndega” em espanhol (albóndiga).
Figura 1: A curva de esquecimento de Ebbinghaus mostra como uma nova memória, como a palavra espanhola “almôndega”, se deteriora nos primeiros dias após a exposição inicial.
No entanto, se você ainda se lembrou da palavra albóndiga daqui a 9 semanas, então é provável que ainda se lembre da palavra daqui a 10 semanas. Isso explica por que a curva se achata para se aproximar de uma assíntota com o passar do tempo.
Aprender um novo assunto é essencialmente apenas uma agregação dessas curvas de esquecimento para todos os conceitos e relacionamentos nelas contidos. Por exemplo, à medida que você aprende um novo assunto que consiste em 100 novos objetivos de aprendizagem, você tecnicamente tem 100 curvas de esquecimento individuais sobre você, todas ao mesmo tempo.
O fardo dessa queda cumulativa e exponencial do aprendizado é exatamente o que motivou os educadores a melhorar seus métodos de ensino ao longo da história. Instrutores criativos usaram táticas como: imagens, emoções, histórias, dispositivos mnemônicos, estímulos novos x familiares, apresentação de estímulos unimodal x bimodal, relações de dicas estruturais x semânticas, melhoria do hábito de sono, melhoria do hábito alimentar e estímulos isolados x incorporados ao contexto para tornar sua instrução mais chamativa e, assim, “nivelar” a curva de aprendizado para promover a retenção de longo prazo.
Mas, ao que parece, nenhuma dessas táticas melhora a retenção da memória de longo prazo tão eficazmente quanto a repetição à moda antiga, particularmente quando essas repetições ocorrem em intervalos de estudo cada vez mais longos (Janiszewski et al., 2003).
O poder da repetição
A razão pela qual a repetição é tão eficaz, é que ela, essencialmente, “atualiza” a curva de esquecimento do conceito com uma curva nova e mais plana a cada exposição. Cada ato de recuperar mentalmente um conceito, muda a curva para fora com um cronograma de decaimento de memória subsequente mais lento.
A Figura 2 mostra o que acontece cada vez que um aluno recupera mentalmente um conceito que já estava em processo de esquecimento. Ao receber feedback sobre sua correção e reinternalizar o conceito, a curva de esquecimento do aluno se desloca em direção a uma nova curva de esquecimento mais plana, pois o hipocampo é capaz de construir novas conexões neurais dentro do neocórtex (Schwindel, 2011).
Figura 2: Cada vez que o conceito é repetido, a Curva de Esquecimento para esse conceito “se desloca” para a direita e se torna mais achatada, pois o processo de esquecimento será mais lento a cada repetição sucessiva (especialmente porque essas repetições são mais espaçadas).
Este processo de atualização da curva contínua, se repete a cada tentativa de recuperação, até que a curva de esquecimento se torne tão plana quanto o aluno deseja (até que a memória seja tão permanente quanto desejado), ponto em que menos recuperações contínuas são necessárias para manter o traço de memória.
Na realidade, a maioria das pessoas obviamente não precisa entender a curva de esquecimento formal para apreciar a importância da repetição para o processo de aprendizagem. Qualquer pessoa que já tenha pronunciado a frase “a prática leva à perfeição” já sabe que o truísmo é basicamente bom senso. Até os antigos educadores romanos gostavam de dizer repetitio est mater studiorum, ou “a repetição é a mãe de todos os estudos”.
O que os romanos não tinham, entretanto, era um software para web e celular que otimizasse o padrão real de repetição a fim de nivelar ao máximo a curva de esquecimento com o mínimo de esforço cumulativo do aluno por conceito.
Resolução de questões
A resolução de exercícios é um excelente método de memorização. Afinal, quanto mais atividades resolvemos, mais conseguimos memorizar os conteúdos estudados.
Por isso, essa se torna mais uma vantagem de colocar a resolução de exercícios dentro da sua rotina de estudos.
Ao longo do ano, recomendamos que você resolva questões assim que finalizar um deck (baralho) de flashcards. Por exemplo: se você estudou o deck de biologia “metabolismo celular”, procure questões que falem apenas desse tema.
Quando estiver próximo da prova que irá prestar – e assim entendemos que você já tenha estudado praticamente todo o conteúdo – você deve fazer a “prova na íntegra” de provas passadas (ENEM e vestibular). Então se você vai prestar um vestibular específico, deve fazer as provas anteriores daquele lugar, para compreender quais são as exigências da banca, a estrutura das questões desenvolvidas e o nível de detalhamento exigido.
Isso te proporciona mais embasamento sobre a banca que irá preparar a prova que pretende se candidatar. Por essa razão, é importante que você resolva o máximo de exercícios possíveis de provas passadas.
Como aliar o Vestcards com as questões para ser aprovado no ENEM e vestibular?
A ciência cognitiva já conseguiu provar que nosso cérebro aprende muito mais quando fracionamos o estudo. O ideal é que você “estude pouco, mas todo dia”. Então, ao invés de estudar com intensidade, priorize a constância.
Nesse sentido, recomendamos que você estude diariamente 2 horas de flashcards + 1 hora de questões. Faça isso 6 dias na semana (segunda a sábado) e descanse no domingo. O descanso é extremamente importante. Ele vai repor suas energias para que você possa render mais nos estudos. Dê atenção também para seu sono, ele é fundamental para redefinir sua habilidade de ficar focado, alerta e emocionalmente estável. Além disso, uma boa noite de sono auxilia na memória e aprendizagem.
Mas e as aulas? E os livros e as apostilas?
Temos relatos de centenas de alunos que optaram por não fazer cursinho e conseguiram aprovação somente utilizando o Vestcards + questões.
A repetição espaçada é um dos tripés do algoritmo do Vestcards. Para aproveitá-la ao máximo, recomendamos a técnica de fixação semanal.
Essa técnica consiste em: uma vez que você estudou um deck (baralho) de flashcards e compreendeu aquele assunto, você fará uma primeira revisão em 24 horas, a segunda em 7 dias e a terceira em 1 mês.
Depois, você terá que realizar as revisões de manutenção. Ao todo, você deve revisar mais 3 vezes o conteúdo. Escolha rever a cada 1 mês, 2 meses ou 3 meses (veja o que fica melhor dentro da sua realidade – lembre de calcular quanto tempo falta para sua prova).
Você vai perceber que, a cada revisão o conteúdo estará cada vez mais fixado e sedimentado, exigindo menos tempo de estudo para manter o traço de memória.
Você terá estimulado tantas vezes a sua rede neuronal que o seu cérebro formará memórias de longa duração. Essa memória é tão forte como a base de um prédio, que possui muito ferro e concreto para impedir o seu desabamento.
Conclusão
Diante de tudo que discutimos aqui, deve ficar claro para o aluno que:
1. A alta carga horária e as pilhas de livros estão forçando o estudante a procurar vias alternativas de estudo que sejam mais efetivas.
2. O estudo ativo (flashcards e questões) é mais efetivo que o estudo passivo (assistir aulas, resumos e apostilas).
3. Com uma carga horária menor de estudo por dia, você pode aprender mais em menos tempo. De bônus você reduz sua ansiedade e conserva sua saúde mental.
4. A repetição é a mãe de todos os estudos e ela é facilitada com o uso dos flashcards. Através deles combatemos a curva do esquecimento.
No passado, poucos conheciam e usavam a metodologia ativa de estudo. Hoje, os candidatos fazem uso dela e estão indo mais bem preparados pras provas do que antigamente. Ignorar o estudo ativo pode representar a sua reprovação.
Esperamos poder lhe ajudar a tornar seu aprendizado mais efetivo e sua caminhada para a universidade mais leve.
E agora que você já sabe como estudar para o ENEM e vestibular, talvez se interesse em saber como funciona o Vestcards e como a ciência cognitiva torna o Vestcards tão diferente dos flashcards comuns.
Fontes citadas acima:
Karpicke, J., & Roediger, H. (2006). Repeated retrieval during learning is the key to long-term retention. Journal of Memory and Language. Vol. 57, No. 2, 151-162.
Kerly, A., and Bull, S. (2008). Children’s Interactions with Inspectable and Negotiated Learner Models. In Woolf, B., et al. (Eds.), Lecture Notes in Computer Science (pp. 132-141).
Janiszewski, Chris, Hayden.Noel, and Alan G. Sawyer. 2003. A Meta-analysis of the Spacing Effect in Verbal Learning: Implications for Research on Advertising Repetition and Consumer Memory,” Journal of Consumer Research, 30(1), 138-149.
Springer-Verlag, Berlin Heidelberg. Kornell, N., & Metcalfe, J. (2006). Study efficacy and the region of proximal learning framework. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition. Vol. 32, No. 3, 609-622.
Moreno, J., and Saldaña, D. (2004). Use of a computer-assisted program to improve metacognition in persons with severe intellectual disabilities. Research in Developmental Disabilities, 26(4), 341-357.
Nelson, T.O., & Dunlosky, J. (1991). When people’s judgments of learning (JOL) are extremely accurate at predicting subsequent recall: The delayed-JOL effect. Psychological Science, 2, 267-270.
Pashler, H., Bain, P., Bottge, B., Graesser, A., Koedinger, K., McDaniel, M., & Metcalfe, J. (2007). Organizing instruction and study to improve student learning. Institute for Educational Sciences practice guide, U.S. Department of Education.
Sadler, P. (2006). The Impact of Self- and Peer-grading on Student Learning. Educational Assessment. Vol. 11, No. 1, 1-31.
Son, L. K. & Metcalfe, J. (2000). Metacognitive and control strategies in study-time allocation. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition, 26, 204-221.
Lourival de Paiva
Médico Oftalmologista
CEO da Smart Flashcards
Redator
Foi aprovado em 1º lugar para Oftalmologia usando o poder da ciência cognitiva. Apaixonado pela metodologia ativa de estudo e pela neurociência do aprendizado, fundou a Smart Flashcards, parceira de conteúdo oficial do Brainscape. Já ajudou milhares de pessoas a estudar de forma eficaz e otimizada.
Redator da Smart Flashcards Academy e autor da coleção para prova de Residência Médica e REVALIDA (medcards), também coordena uma equipe de alunos e professores para manutenção dos flashcards existentes e criação de novas coleções, como vestibular/ENEM (vestcards), OAB (juriscards), concursos públicos, língua estrangeira e outros.